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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Fim de Ano

Mais uma vez, outra vez
Parece até um encantamento, um ‘feitiço do tempo’, pois os sinais no ambiente se repetem, as disposições das pessoas novamente ganham aquela energia e as velhas e conhecidas frases são novamente usadas para, quem sabe, mais uma vez, reforçar a possibilidade de a magia tomar conta dos acontecimentos e fazer tudo mudar para melhor.  Mas será que funciona? Quantos anos você já viveu e passou por isso? Diga-me, sinceramente, funcionou?
Achar que as coisas vão mudar e, mais ainda, mudar na direção que você deseja, pelo simples ato de desejar que elas mudem, é se render ao pensamento mágico ou uma variação dele, tão em moda nestes últimos tempos, o pensamento positivo “se você pensar positivamente atrairá coisas positivas para você”.
Mas, apesar de racionalmente sabermos disso, lá no cantinho existe uma esperança que resiste e sopra bem baixinho para nossa mente ‘bem que poderia ser assim’. Vejam que interessante, é por causa deste fio de esperança que continuamos a apostar nas loterias, a fazer os rituais de passagem de ano e a acreditar que ‘forças superiores’ comandam e influenciam os acontecimentos do nosso destino.
Novamente o contraponto racional nos diz ‘os acontecimentos na vida decorrem de muitas variáveis e uma boa parte delas está fora de seu controle’. Assumir uma postura realista, madura e consciente frente ao futuro, melhor dizendo, frente às expectativas para o futuro, mostra que os prognósticos pessoais em sua maioria não se realizaram conforme eram esperados.
Quer uma prova? Faça um breve balanço considerando os últimos cinco anos. Quantas de suas expectativas, em cada um dos finais de ano, se concretizaram no novo ano? Mas, por favor, seja verdadeiro e fuja do autoengano.
Por outro lado, considere também neste mesmo período de tempo, quantos acontecimentos não planejados aconteceram e influenciaram de forma marcante o rumo de sua vida?  Pense e analise, de onde eles vieram, o que concorreu para que eles cruzassem o seu destino? Afinal, o que é o destino e quanto realmente ele está em suas mãos?
Muitos assumem que o destino é um desígnio dos deuses e, portanto, ele já está escrito mesmo antes de você nascer. Portanto sua sorte ou azar na vida não depende de você, está fora de suas mãos. Outros assumem que você é dono de seu destino e, portanto, suas escolhas é que o levarão aos caminhos e resultados (destinos) por vezes positivos e felizes e por vezes negativos e infelizes.

Assim, a tomada de decisão está no cerne da própria vida, é um processo comum, contínuo e diário, por isso mesmo renovador das energias básicas de que somos portadores (pensar, sentir e agir), impulsionadoras do nosso desenvolvimento como seres humanos e, por consequência, de nossas criações.
É esta capacidade de pensar sobre o futuro, de sentir e escolher entre possibilidades e, principalmente, de agir frente ao desconhecido, que nos confere potência para permanecer e continuar “humanos”.
Então, o que vai ser? Acreditar no feitiço e se deixar levar pela magia deste tempo?  Outra vez, mais uma vez à espera dos acontecimentos que irão reger a sua vida, “Papai Noel vai trazer um ano bom”! Ou assumir que, como dizia o pensador Elmer Letterman, “sorte é o que acontece quando a preparação encontra a oportunidade”.
Simplesmente não é possível prever o futuro com segurança. Um antigo provérbio árabe diz que - aquele que prevê o futuro mente mesmo quando fala a verdade. E para tanto, é preciso articular os diferentes caminhos que poderão existir para você amanhã, e descobrir os movimentos adequados ao longo destes caminhos possíveis. O planejamento nada mais é do que a decisão sobre o futuro desejado, é fazer escolhas hoje com a percepção de como elas poderão se viabilizar amanhã. 

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Processo de Aprendizagem em Liderança - Post 13/2015 - Execução do Programa

Todo o caminho percorrido nas várias etapas do Processo de Aprendizagem em Liderança leva a este momento muito especial de realização do Programa de Treinamento e Desenvolvimento dos Líderes. É nesta etapa que tudo o que foi pensado e planejado será apresentado. Os conhecimentos, as habilidades, as experiências, etc., do instrutor e/ou facilitador do ensino e aprendizado serão colocados à prova.

Vale esclarecer que este papel de instrutor e/ou facilitador de aprendizagem tem por finalidade apoiar as pessoas nos seus processos de mudança, possibilitando a descoberta de novas formas de pensar, sentir e agir (querer) sobre as diversas e diferentes situações que envolvem sua vida, destacando-se aqui aquelas relacionadas diretamente ao seu ambiente profissional.

O sucesso do programa em grande parte decorre dos conhecimentos hábeis e da vivência dos facilitadores que, mesmo contando com a necessária preparação, pode (e deve) adaptar-se às situações reais e presentes na dinâmica de realização.

Talvez, nos dias de hoje, essa adaptação seja mais necessária, visto que a ‘realidade’ se acha muito mais presente, por conta dos meios de acesso às informações disponíveis a todos os participantes. Tudo ou quase tudo está ocorrendo em “tempo real”, todos ou quase todos têm acesso às informações.

Os consolidados paradigmas que orientavam a formação dos instrutores e/ou facilitadores de T&D precisam ser revisitados e se adequarem às novidades metodológicas e instrumentais que apoiam a condução dos programas atuais.

Comentei no decorrer dos posts sobre estas metodologias e instrumentos e, não há dúvidas, elas evoluíram muito, continuarão a evoluir e sempre estarão exigindo uma atualização permanente dos profissionais que escolheram trabalhar no ambiente do ensino e aprendizagem das organizações.

Aqueles que, como eu, trabalham na área há muito tempo, sabem da importância e da necessidade de estarem sempre ‘aprendendo’. Há uma profunda satisfação pessoal, até mesmo um sentido muito próprio e individual de realização quando, ao término de um programa, os participantes revelam suas percepções e avaliações sobre os conteúdos e forma de condução.

Este é último post deste tema, que comecei a tratar no ano anterior e dei continuidade neste ano. Como disse no primeiro post deste ano, o assunto não se esgota e nem abrange todos os desdobramentos e aprofundamentos possíveis de serem trabalhados.

Longe disso, as necessidades de treinamento e desenvolvimento da posição de liderança devem ser entendidas como um processo contínuo, que se renova a cada ciclo de gestão em vista das modificações e inovações verificadas tanto no contexto de negócios como no ambiente interno das organizações.

Aqueles que já estiveram comigo em programas de desenvolvimento de líderes, provavelmente já conhecem a frase, atribuída a São Paulo, que costumo utilizar ao encerrar meus eventos, que diz assim:

“Ensinar é só mostrar que é possível, aprender é tornar possível para você mesmo”.



Muita disposição, determinação e muita paciência para enfrentar os desafios que se apresentarão no próximo ano. 

Abraços a todos que me acompanharam.


Zuvela

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Processo de Aprendizagem em Liderança - Post 12/2015 - Construção do Programa

O Programa de Aprendizagem é o elemento que reúne e estrutura todas as etapas anteriormente trabalhadas.  Acredito que vale a pena conceituarmos o que é um Programa, para diferenciá-lo de Plano, Projeto e Processo.

Programa é um conjunto de instruções organizadas, que são escritas e expressas em linguagem lógica sobre atividades a serem realizadas, que alguém e/ou algo (computador) é capaz de executar para o alcance de um determinado fim ou objetivo.   

No contexto do Processo de Ensino e Aprendizagem em Liderança, os programas de treinamento e desenvolvimento de líderes são a viabilização conceitual e lógica das trilhas de aprendizagem concebidas, incorporando os recursos necessários definidos pela metodologia que será utilizada em sua execução.  

Geralmente os programas são concebidos dentro de um universo de tempo previamente definido e, quase sempre, se compõem de módulos que têm sua estruturação por temas e/ou unidades de conteúdos que devem ser trabalhados (as trilhas). Na prática atual das organizações, a grande maioria dos programas são desenhados para serem executados em 1 ano. São poucas que trabalham com uma visão mais ampla de 2 a 3 anos. E mais, encontramos com grande frequência, nas grades de treinamento e desenvolvimento, muitos cursos e seminários que não fazem parte de um programa.

E aqui cabem algumas considerações. Geralmente, quando trabalhamos com a concepção e o desenho de trilhas de aprendizagem, nos defrontamos com a necessidade de estruturar os conteúdos em partes que tenham sua aglutinação definida pela natureza do tema que deverá ser objeto de aprendizado. Normalmente estes programas são modulares.

Outro ponto a realçar é sobre a relação muito próxima da metodologia e a concepção do programa. Normalmente é ela que permite definir com maior adequação a distribuição da execução dos conteúdos no tempo, isto é, o intervalo entre a realização dos módulos.

A concepção de programas modulares traz algumas vantagens. Uma delas, muito importante, é a possibilidade de aplicação dos conceitos e conhecimentos na prática. O líder toma conhecimento e assimila os conteúdos conceituais no módulo, através de dinâmicas ou exercícios que buscam aproximar a realidade. Quando bem trabalhado, ele se vê sensibilizado a aplicar este conhecimento no seu dia a dia profissional, o que de fato acontece.

No seu retorno ao módulo seguinte, a primeira atividade é de resgatar esta experiência e compartilhar com seus parceiros de aprendizado. Geralmente, esta atividade é muito enriquecedora e permite, a partir dos relatos dos participantes, reforçar e enfatizar pontos que somente a prática do conceito é capaz de revelar. Além disso, é possível criar novas estimulações entre os participantes para a contínua transposição dos conteúdos na prática diária de suas atividades.  

Os módulos sempre devem guardar uma unidade de conteúdo completa, capaz de promover o aprendizado em suas dimensões de conhecimentos, habilidades e principalmente atitudes. Na perspectiva do facilitador de aprendizagem é preciso planejar o processo de transmissão considerando a complexidade do tema envolvido e a sequência com que vai ser apresentado.

Geralmente essa sequência envolve a distribuição dos recursos didáticos e andragógicos que serão utilizados - as dinâmicas, estudos de casos e/ou simulações - que facilitarão a assimilação por parte dos envolvidos.

No próximo post, vamos encerrar o tema falando da execução do programa. 

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Processo de Aprendizagem em Liderança - Post 11/2015 - Recursos de Aprendizagem

Vamos caracterizar bem o que entendemos por Recursos de Aprendizagem, pois estes assumem um papel de alta relevância, no contexto prático da execução dos programas de desenvolvimento.

Por definição Recursos de Aprendizagem são todos os elementos utilizados pelos responsáveis (professores, facilitadores, consultores, etc.) para auxiliar a transmissão de conhecimentos, a experimentação de habilidades e a formação de atitudes. Eles podem ser categorizados como recursos de natureza material e de natureza humana. Podem ser nomeados de formas muito diversas, tais como: recursos didáticos, recursos de ensino, meios de aprendizagem, meios de ensino, materiais didáticos, multimeios de ensino e aprendizagem e, num sentido mais restrito, recursos audiovisuais.

Nas duas últimas décadas ocorreu uma grande evolução na criação de recursos de ensino e aprendizagem que pudessem ser aplicados a diferentes contextos e necessidades. Não restam dúvidas que o avanço da tecnologia é em grande parte responsável por este crescimento e, de certa forma, transformou e está transformando as tradicionais salas de aula.

Mas é bom ter em conta que os recursos devem estar a serviço dos objetivos de ensino e aprendizagem que se pretende alcançar e não serem um fim em si mesmos. A rigor, eles devem ser usados para facilitar, acelerar e incrementar a aprendizagem e não para diminuir o trabalho do facilitador ou simplificar o trabalho dos aprendizes.

Os recursos podem também ser classificados, numa perspectiva mais ampliada de suas finalidades, como aqueles que são aplicados no contexto específico da própria situação de ensino e aprendizado que está sendo intermediada por um facilitador. Mas podem também ser vistos em contextos mais amplos, onde se dá a ação do aprendiz, como no seu trabalho, em casa, enfim, nos diversos ambientes onde ele possa estar exercendo papéis sociais.

Falando dos recursos de natureza humana, isto é, das pessoas que estão envolvidas na situação de aprendizado, temos que ampliar a nossa perspectiva de entendimento, considerando até mesmo o próprio ‘aprendiz’ como um recurso privilegiado para o aprendizado. Talvez a maior parte do que aprendemos se dê no contexto das relações que estabelecemos com as demais pessoas. Num certo sentido, são as outras pessoas que permitem termos os ‘insights’ do nosso aprendizado. Elas reagem aos nossos comportamentos, e nós captamos suas reações (via percepção consciente) do que estamos fazendo diferente e, portanto, daquilo que modificamos em nós pelo aprendizado.

Vis-à-vis, esta é uma experiência muito semelhante ao que ocorre no tradicional contexto das salas de aula, onde o professor ou facilitador é o principal meio ou recurso para facilitar o aprendizado.

Nesta perspectiva, o aprendizado deve, através da estimulação, orientação e utilização de técnicas adequadas (principalmente as andragógicas), permitir ou levar os aprendizes a aprenderem por si mesmos (autoaprendizado).

Vale lembrar que estamos tratando do contexto das ‘trilhas de aprendizagem em liderança’, principalmente para gerentes e supervisores de base. É evidente que todas estas pessoas já tiveram diversas experiências de aprendizados, boas e ruins. Ao desenharmos trilhas e programas de liderança é recomendável saber o histórico destas últimas experiências que tiveram com uso dos recursos de aprendizado.

Outro aspecto importante na escolha dos recursos de ensino e aprendizagem está relacionado à composição dos grupos que passarão pelos programas. Não tem sido incomum, nos últimos anos, termos participantes de diferentes gerações num mesmo grupo, com diferentes habilidades (facilidades) de lidar com as tecnologias de informação e comunicação. É preciso planejar muito bem o uso destes meios para não ter de lidar com situações de constrangimento e até mesmo de bloqueio do aprendizado de parte do grupo.

O assunto recursos de ensino e aprendizagem é vasto e sabemos que somente falamos de sua importância dentro do contexto do que estamos tratando. Acredito que estamos no limiar de uma nova revolução nesta área, onde os ‘games virtuais’, juntamente com situações em contextos vivenciais, serão muito brevemente a grande onda para facilitar o aprendizado de uma série de competências gerais e, particularmente, em liderança e gestão.

No próximo post vamos dar início à outra etapa - Construção do Programa/Processo que permitirá a execução da Trilha de Aprendizagem em Liderança.